A grande mesa da irmandade

É tão contagiante e envolvente,
quando o anúncio do Evangelho,
do Reino presente e atuante entre nós,
acontece junto e misturado,
com o testemunho autêntico e coerente,
de vidas transformadas pela fé compartilhada,
irmanadas no cultivo cotidiano do amar e servir.

Hoje há relações tão abusivas entre nós,
animadas pela lógica do poder opressor,
que visam dominar em vez de libertar:
muitos, que se fazem mestres, são arrogantes,
outros, que se arrogam pais, são tirânicos,
com posturas violentamente patriarcais,
outros, que se poem como guias, são despóticos,
decidem sem escuta, diálogo fraterno e discernimento.

A missão que emerge do Evangelho que anunciaste,
razão maior de tua intrepidez e de tua entrega fiel,
não se realizou, até hoje não se concretizou entre nós,
diga-nos Jesus, nosso mestre e guia ao Reino dos Céus,
a grande mesa da irmandade, nascida da bondade,
do amor e do projeto salvífico de nosso Abba querido,
será só utopia de uma justiça irrealizável entre nós?

Ensina-nos, Jesus, a cultivarmos de mãos dadas,
a tua fé na presença estradeira do Abba querido,
a tua mística da luz e da força criativa da Ruah divina,
a tua espiritualidade libertadora do projeto político do Reino,
que, como um fermento no interior da massa, nos transforma,
para a práxis da justiça inclusiva e da misericórdia divina,
para o cultivo do amar, cuidar e servir na mesa da irmandade.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 23,1-12).

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