Se as tuas obras confirmam,
oh Filho de Deus enviado,
que Tu estás com o Abba querido,
e que o Abba também está contigo,
por que, então, querem apedrejá-lo?
por que procuram ocasião para prendê-lo?
e por que desejam eliminá-lo como um perigo?
Como teus discípulos e discípulas hoje,
nisso temos que ter clareza e não dúvida,
pois a tua rejeição e condenação a morte
não se deram por má vontade ou ignorância.
É preciso memória da história da revelação,
da perseguição aos profetas e profetisas,
dos que ousaram denunciar as injustiças sociais.
Sem cultivar postura de abertura a Deus,
sem compartilhar a utopia de seu Reino de justiça,
de partilha, de fratersororidade e de misericórdia,
ainda que Deus venha ao nosso encontro,
que Ele se aproxime amorosamente de nós,
que nos envie o seu próprio Filho amado,
não acreditaremos nele e lutaremos contra,
defenderemos com paixão os nossos privilégios,
pois, interesses egoístas são capazes de nos cegar,
de nos impedir de amar e de compartilhar,
como irmãos e irmãs, a mesma mesa da igualdade
e de acolher que todos somos filhos e filhas de Deus!
O problema, confesso, não está em ti,
oh Profeta do amor de Deus,
pois as tuas obras são maravilhosas,
e, como a tua coerência e fidelidade, interpelam.
O que falta é a nossa conversão a Deus
e ao dinamismo libertador do seu Reino,
sempre presente e atuante no meio de nós!
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 08 de abril de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (João 10, 31-42).
Imagem: Pintura de autor desconhecido que retrata os mártires salvadorenhos, como Jesus, mártires do Reino da justiça e da dignidade dos pobres, o beato pe. Rutílio Grande, SJ e seus dois companheiros assassinados juntos com ele numa emboscada em 1977 e santo Oscar Romero, assassinado enquanto celebrava a Eucaristia em 1980.
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