Não é preciso que nos toques:
basta-nos o experimentar-Te próximo,
presente na peleja dos pobres e oprimidos,
sendo fonte de esperança para os alquebrados.
O que mais almejamos neste tempo atroz?
Beber e saciar na fonte dos místicos e profetas,
beijar a causa dos mártires da justiça do Reino,
antes que seu sangue se misture ao de Jesus.
O que arde veementemente em nosso peito?
O desejo de denunciar toda lógica diabólica,
de desnudar, à luz do dia, o mecanismo opressor,
até alcançarmos juntos a consciência desperta.
Queremos anunciar-Te no crepúsculo,
mas experimentar-Te estradeiro conosco,
facho de luz nas noites mais escuras da caminhada,
bem antes do raiar da aurora daquele novo dia que virá.
Queremos aquela paz inquieta de Jesus,
capaz de amalgamar, no cotidiano das contradições,
a acuidade do olhar e a fé na presença amorosa do Abba,
o sentimento de urgência e aquela serenidade solícita,
paz inquieta para o cultivo criativo do amar, cuidar e servir,
para a busca teimosa do bem viver e da mesa da irmandade.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2024.
Imagem: Mural com a pintura de dois mártires da defesa da dignidade da vida do povo sofrido, Santo Oscar Romero e São Rutílio Grande
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