E que permitamos que a luz divinal…

Não é nada fácil nos libertarmos,
da tendência ao orgulho e à arrogância,
dessa ânsia quase insaciável de poder,
da busca infinda de acumulação,
da lógica sedutora do toma-lá-da-cá,
do olho por olho e dente por dente,
do querer levar vantagem em tudo,
do uso da esperteza para o nos dar bem,
para nos safar de responsabilidades
perante os erros que cometemos,
do direito presumido de odiarmos
aqueles que julgamos inimigos.

Com o anúncio e testemunho,
ousado, encantador e desafiante,
do Evangelho do amor exigente,
tu nos pedes que contemplemos,
a beleza do agir de nosso Pai celestial,
e que permitamos que a luz divinal,
que d’Ele irradia sobre toda a criação,
interpele nossos corações sedentos,
torne nossos horizontes mais vastos,
e desperte o desejo de agir como o Pai,
sim, como filhos e filhas do Pai do céu!

Dá-nos a graça de teu Sopro de amor,
força divina que nos liberta do egoísmo,
das tentações criadas por vãs ilusões,
de uma vida ensimesmada apequenada.
Com a força criativa da Ruah divina,
queremos trilhar o teu íngreme caminho,
com firmeza, generosidade e gratuidade
no cultivo diário do amar, cuidar e servir.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 23 de fevereiro de 2025.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lc 6, 27-38).