Em teu desconcertante sermão da montanha,
oh Profeta que nos oferece o Espírito Libertador,
a Lei do Amor e a Profecia Celestina do Reino de Deus,
há um momento singular de grande inflexão ética,
quando nos iluminas com a presença amorosa do Abba.
Com teu testemunho de vida profundamente humana,
tua postura misericordiosa nos faz refletir sobre nosso agir:
Com que medida e rigor julgamos nossos irmãos e irmãs?
Há em nós alguma hipocrisia, incoerência e falsidade,
em nossa maneira de ser, de nos relacionar e de agir?
Por que tendemos, primeiro, a observar o agir dos outros,
ver o cisco que está nos olhos de nossos irmãos e irmãs,
sem antes, darmos atenção às traves de nossos olhos?
Não seria mais ético e coerente, e portanto mais humano,
primeiro nos avaliarmos e tirarmos as traves de nossos olhos,
para que assim, enxergando melhor e com maior profundidade,
contemplemos a situação da vida de nossos irmãos e irmãs?
Nosso testemunho de vida nova oferece aquela autoridade
que brota nos olhos e no coração de quem contempla o juiz?
Nosso julgar revela um coração iluminado pelo Amor de Deus?
Que teus discípulos e discípulas cultivem no cotidiano,
oh Mestre dos caminhos da justiça do Reino de Deus,
a misericórdia que revela a presença do Abba querido.
Que juntos concretizemos hoje a tua Igreja samaritana,
Igreja de portas abertas para acolher, cuidar e libertar.
Que testemunhemos a Vida Nova que nasce do Evangelho,
partilhada em rede de pequenas comunidades comprometidas,
com a tua compaixão e profecia da grande mesa da irmandade.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 26 de junho de 2023.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 7, 1-6).
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