Ficará sem justiça a morte brutal de tantos inocentes?

Quando Herodes percebeu que tinha sido enganado,
que os magos haviam voltado por caminho diferente,
ele ficou furioso e mandou matar todos os meninos,
da cidade de Belém e de seu território circunvizinho.

A violência, ontem como hoje, faz vítimas incontáveis,
causa enorme sofrimento e a morte de tantos inocentes,
muitos prostrados pela dor ignoram do céu a razão,
lançam, pelos espaços infinitos, seus gritos e lamentos
oh Goel dos pobres, dos oprimidos e dos sofredores,
Tu que escutas o clamor de teu povo submerso na dor,
Tu que envias teus profetas para libertar os cativos,
dai-nos o dom da compreensão do que nos escapa:
Será em vão o sangue derramado de tantos irmãos?
Ficará sem justiça a morte brutal de tantos inocentes?
Os ímpios insensatos e cruéis ficarão impunes, Senhor?

Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento:
como outras mães em pranto, Rachel chora seus filhos
e ela não quer ser consolada, pois, já não existem mais.

Quando contemplamos o dinamismo da história,
tendo ante os olhos os acontecimentos trágicos,
podemos afirmar que a justiça dos homens falha,
por causa da ambivalência dos sistemas humanos,
ele não faz justiça aos inocentes nem às vítimas,
não cura as feridas dos mais pobres e oprimidos,
não rompe as correntes dos que estão em cativeiro.

São postas à prova, todo dia, nossa fé, nossa esperança,
mas juntos lutamos contra toda forma de desesperança,
pois, cremos no Reino da justiça, na mesa da irmandade,
e seguirmos confiantes o caminho de Jesus crucificado,
que pela cruz vence o medo dos poderes deste mundo,
e pela força da Ressurreição é mais fortes que a morte.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 28 de dezembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 2, 13-23).
Fotos: A cada semana mais de 12 mil crianças rohingyas entram para o território bengalês fugidas da violência ou da fome em Mianmar. Todas traumatizadas com a violência que viveram ou testemunharam em seu país.