Tu te encheste de compaixão pelos famintos

Os teus sentimentos tão profundos, 
ó Jesus, anunciador e testemunha 
da proximidade amorosa de Deus,
sentimentos tão humanos, tão nossos,
diante a violência contra os profetas,
diante do assassinato de João Batista,
o teu primo querido que, ao te batizar,
o despertou para a urgência da missão,
revelam-nos tua aguçada sensibilidade
e o teu se deixar mover por compaixão.  
 
Nem o teu sentir dor, diante da perda,
o fez perder o critério maior do amar:
a centralidade de quem está faminto,
sim, de quem nos fazemos próximos,
ou, de nós, se aproxima necessitado,
em uma situação de vulnerabilidade,
pela exclusão social, pelo sofrimento.
Quem ama, jamais se torna o centro,
nem indiferente diante do seu irmão,
quando se encontra em necessidade.
 
Mesmo quando tu precisavas da solidão,
e de ser consolado pelo teu Abba querido,
e os teus discípulos, lá da primeira hora,
ainda não tivessem entendido totalmente,
a centralidade do amar, do cuidar e servir,
tu te encheste de compaixão pelos famintos,
curaste os que se encontravam doentes,
e, num cenário econômico desfavorável,
ensinaste a não despedi-los de mãos vazias:
– Dai vós mesmos de comer a teus irmãos!
 
Dá-nos, Jesus, o dom da tua fidelidade,
e de nos deixar mover pela compaixão.
Continue a ensinar aos teus discípulos,
a não banalizar a fome ou o sofrimento 
de nossos irmãos e irmãs marginalizados,
e ameaçados nos direitos fundamentais,
de filhos e filhas amados do Abba querido.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 05 de agosto de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 14, 13-21).

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