Mesmo sendo chefe da sinagoga,
Jairo se aproximou confiante de ti,
o procurou e caiu aos teus pés,
buscava a cura da filha inocente:
– Minha filhinha está nas últimas.
Vem e impõe as mãos sobre ela,
para que se cure e possa viver!
Tu pediste a ele que tivesse fé,
se colocasse nas mãos de Deus,
e que se libertasse de todo medo.
– Jairo, a tua filha não morreu,
confie, ela está apenas dormindo.
– “Talita cum”, levante-se, menina!
A mulher doente e sem nome,
excluída como milhares de outras,
pela diabólica cultura patriarcal,
ela ainda não se julgava digna,
de olhar-te de frente nos olhos,
de dirigir-te um palavra amiga,
de entregar-te a sua dor e prece.
Mesmo convencida de ser impura,
ela aproximou-se de ti por detrás,
queria somente tocar em tua veste,
e, com fé, alcançou o que procurava,
a desejada cura de sua doença grave.
Mas ainda vivia oprimida pelo medo,
pelo seu “ser mulher, impura e indigna”,
como Jairo, também caiu aos teus pés.
e tu lhe ofereceste algo mais preciso,
que, simplesmente, uma cura física,
apontaste a ela o caminho da libertação:
– Filha, a tua fé te curou. Fique em paz.
Liberte-se da pior doença, a do medo.
Quem está doente, busca a sua cura,
quem sofre uma perda, quer o consolo,
mas quem deseja, de fato, a libertação?
Oh Profeta do Reino de Deus presente,
e da proximidade amorosa de Deus,
as pessoas saem em busca de milagre,
mas tu nos ofereces cura e libertação.
Dai-nos, Jesus, o dom de vivermos
com a dignidade de filhos e filhas de Deus,
de vivermos na partilha da mesa da irmandade.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 30 de janeiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 5, 21-43).
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