O Evangelho do Reino não esconde de nós
as tuas modestas origens históricas,
oh Profeta da periferia, nascido no meio dos pobres,
ele, ao explicitar as tuas raízes familiares,
o coloca, de forma singular e sem receios,
entre os desimportantes, esquecidos e invisibilizados:
no meio daqueles que só têm a Deus como proteção,
os que são os prediletos do teu Abba querido.
Pela linhagem de teu pai José,
o carpinteiro justo e pobre de Nazaré,
a tua descendência o insere
na história libertadora de teu povo:
tu és filho de Abraão e filho de Davi.
Mas é pelo ventre sagrado das mulheres,
de Tamar, Rute, Betsabeia e Maria de Nazaré,
que a tua singela e escondida origem divina
se revela, se abaixa e o faz, desde baixo, um de nós.
Quando celebramos e com fé nos aproximamos
do mistério de teu natal entre os sem lugar,
oh Profeta da desimportante Nazaré,
nos damos conta de algo que nos interpela,
que provoca conversão a Deus e ao seu projeto:
os que aqui se julgam mais importantes e poderosos
ficam assustados com os caminhos de Deus,
e envergonhados com as próprias miopias.
Os pobres, ao contrário, ficam maravilhados,
pois, o reconhecem não apenas como um deles,
mas como o enviado do Pai, que escuta seus clamores,
o Goel libertador que faz justiça aos pobres e oprimidos.
Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 1, 1-17).
Amém