Toque-nos, oh Profeta da Galileia, e abra os nossos olhos

Não é nada fácil percebermos as nossas cegueiras,
oh Profeta do amor do teu e nosso Abba querido,
Profeta do dinamismo libertador do Reino entre nós,
urge vencermos a insossa postura da autossuficiência,
e, como aqueles dois cegos que se aproximaram de Ti,
reconhecermo-nos frágeis e também necessitados de luz,
carentes da graça de tua fé e de teu toque de amor libertador.

Nós somos herdeiros de uma racionalidade desconfiada,
contemplamos de perto tristes experiências de fé ambígua,
vivências religiosas intimistas, distantes do Reino da justiça,
ouvimos o clamor de vítimas de líderes religiosos inescrupulosos,
que ávidos e insaciáveis na sede de prazer, poder e de riquezas,
se tornaram vis e perversos cúmplices do sistema opressor,
lobos vorazes, aves de rapina, capazes de falsear a tua profecia.

Toque-nos, oh Profeta da Galileia, e abra os nossos olhos,
e que impulsionados pelo desejo de sermos teus discípulos,
tenhamos a sabedoria de discernir os caminhos de libertação,
envie-nos, a cada um de nós, a luz e a força da Ruah divina,
para que, impulsionados pelo cultivo diário do amar e servir,
como teus servos fiéis Charles de Foucault e Helder Câmara,
não deixemos cair a profecia da justiça e da fratersororidade.

Edward Guimarães
Belo Horizonte,02 de dezembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 9,27-31).
Foto: Registro da ternura solícita de Charles de Foucauld (1858-1916), cuja festa da ressurreição celebramos ontem, ele que, para ser irmão universal, se fez irmão dos mais pobres e excluídos.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta