Para os poderosos em uma sociedade desigual,
os que se julgam mais importantes que os outros,
oh Profeta perseguido e preso de forma injusta,
evocar como critério a dignidade da vida não vale:
a vida da pessoa humana, acredite, é uma coisa banal.
Para os que têm os seus interesses contrariados,
que consideram, seus privilégios, direitos adquiridos,
oh Profeta julgado e condenado de forma iníqua,
a vida livre de um profeta é uma ameaça constante:
melhor eliminar o risco antes que cresça e se torne perigo real.
Quanto vale a frágil vida de um profeta livre?
tu sabes bem, oh Profeta assassinado numa cruz,
só vale enquanto não se transforma em perigo concreto,
pois, neste mundo seduzido pelo do ter-poder-prazer,
cortar a cabeça de um profeta, como João, pode ser mera diversão.
Que a tua frágil Igreja seja, de fato, profeticamente livre,
livre para anunciar-testemunhar o Evangelho da justiça,
a maravilha de sentar-se à mesa da fratersororidade,
sair em defesa da dignidade da vida dos pobres e excluídos,
e, assim, fiel a sua missão, ser um sacramento visível do Reino.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 29 de agosto de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (Marcos 6, 17-29).
Foto: Assassinato do profeta Santo Oscar Romero em 24 de maio de 1980, durante a celebração da missa na Capela do hospital da Divina Providência em El Salvador.
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