Quando contemplo o teu julgamento iníquo

Como teu discípulo, entusiasmado pelo Reino,
quando contemplo o teu julgamento iníquo,
ele revela a ambiguidade da condição humana,
oh Profeta do Reino da justiça, mas que foi
preso e condenado a morte de forma injusta,
o livre arbítrio nos faz bastante vulneráveis,
a decidir mais em vista de nossos interesses
do que contundentes na procura da verdade;
a defender mais o nosso bem estar e privilégios
do que o direito social de todos à vida digna.

Como teu discípulo, interpelado pelo Reino,
quando contemplo o agir covarde de Pilatos,
que mesmo estando ciente de tua inocência,
foi capaz de condená-lo a uma morte cruenta,
com lucidez percebo a relação estreita entre
liberdade e responsabilidade, direito e dever,
indivíduo e sociedade, justiça e igualdade…
Toda pessoa humana precisa ser educada
para a interdependência do respeito mútuo,
para a coexistência na busca da felicidade.

Como teu discípulo, comprometido com o Reino,
quando contemplo a postura abjeta de Herodes,
egoísta e voltada para a própria satisfação,
sendo capaz de tratá-lo com desprezo e escárnio,
por tu não teres realizado os seus caprichos,
com lucidez percebo a relação estreita entre
o cultivo da consciência crítica e autocrítica,
da autonomia criativa e da fratersororidade,
por cada cristão engajado nas lutas do povo,
inserido na comunidade e na vida em sociedade.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 10 de abril de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 23, 1-25).

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