Provocados pelas bem-aventuranças

Provocados pelas bem-aventuranças, 
com a consciência e a experiência 
do que, verdadeiramente, somos,
filhos e filhas amados de Deus, 
nós queremos aprender 
aprender a aprender,
aprender a ser, 
aprender a conviver,
na alegria contagiante,
de sermos irmãos e irmãs.
 
Ensina-nos a aprender,
a ser teus discípulos e discípulas hoje,
a manifestar, por meio de nossas atitudes, 
a presença amorosa do Abba querido,
e o atuante dinamismo libertador
do Reino dos Céus no meio de nós,
a ser desapegados e libertos,
no cultivo do amar, cuidar e servir.
 
Ensina-nos a aprender,
a eliminar de nosso meio,
as posturas de arrogância,
a abjeta indiferença social.
Queremos caminhar juntos, 
e, de mãos dadas, acolher
as aflições de irmãos e irmãs,
como nossas próprias aflições.
 
Ensina-nos a aprender,
a dizer não ao ódio insano,
e aos mecanismos violentos,
a agir com resistência quilomba,
com firmeza, de forma resoluta,
como hábeis artesãos da paz:
a promover mobilização social,
a decisiva organização popular,
e as criativas ações afirmativas.
 
Ensina-nos a aprender,
a cultivar postura de empatia,
a indignar-se ante a fome de pão,
do desemprego, da exploração
de qualquer dos irmãos e irmãs.
Que nossa fome seja de justiça,
que nossa sede seja de inclusão,
dos pobres e dos marginalizados,
na grande mesa da irmandade.
 
Ensina-nos a aprender,
a mover nossas entranhas,
e a sentir como nossa,
a dor de nossos irmãos e irmãs,
a ser, de fato, solícitos e solidários,
com quem está marginalizado,
com os doentes e sofredores,
ameaçados ou vítimas da violência.
 
Ensina-nos a aprender,
a cultivar um coração puro,
liberto de toda e qualquer inveja, 
e de toda forma de maldade,
a romper com a cultura individualista,
a se deixar mover pelo bem querer,
a se enternecer diante das lutas,
em defesa da justiça inclusiva,
para que todos tenham vida digna. 
 
Ensina-nos a aprender,
a superar a diabólica tibieza,
a juntos cultivar a tua fé no Abba,
e a coragem por ti testemunhada, 
e por tantos profetas da justiça,
e por todo sangue fiel derramado 
de mártires do Reino dos Céus, 
e assim, sem medo de ser feliz,
entregar-nos ao cultivo da Vida Nova.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 10 de junho de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 5, 1-12).

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