Para que sejamos capazes de passar à outra margem

Tu lançaste um desafio novo a teus discípulos,
oh Pedagogo do dinamismo libertador do Reino,
que deixassem a segurança da margem conquistada,
que encarassem os riscos de assumir postura de saída,
e que, com fé e coragem, passassem à outra margem.

Então começou a soprar uma ventania muito forte,
e bravias ondas do mar se lançavam contra o barco,
a ponto de ameaçar a segurança de teus discípulos,
no entanto, tu dormias sereno sobre um travesseiro:
– Mestre, nós estamos perecendo e não te importas?

Não é nada fácil trilharmos caminhos desconhecidos,
discernirmos e correspondermos a desafios novos,
a tentação de ficarmos na zona de conforto é grande,
e, assim, continuarmos a fazer do mesmo jeito que antes:
lançar-se à outra margem exige novas formas de atuação.

Tu te levantaste e deste ordens ao vento e ao mar,
tacitamente o vento cessou e houve grande calmaria.
– Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?
Eles sentiram grande medo e diziam uns aos outros:
– Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?

Dai-nos, Jesus, o dom de tua fé e de tua coragem,
para assumirmos hoje a exigente postura de saída,
para que sejamos capazes de passar à outra margem:
de discernir os sinais do tempo e seus desafios novos,
e, como os pobres que se entregam nas mãos de Deus,
conseguirmos criativamente engendrar respostas novas.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de Janeiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 4, 35-41).

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