Não foi nada fácil para os discípulos da primeira hora,
e continua a não ser fácil para nós, discípulos de hoje,
oh Profeta do Reino de Deus e Mestre do Caminho,
discernir e acolher que tu és o Messias prometido-esperado,
a revelação do projeto salvífico de Deus encarnado na história
sem profunda conversão de fé ao Abba querido e ao Reino.
Como crer que a salvação de Deus vem de um galileu impotente
que foi condenado e executado pelos poderosos deste mundo?
Diga-me, onde está a tua força, oh Messias fracassado na cruz?
É tão mais fácil acolhermos a ideia daquele Deus soberano,
Senhor dos exércitos, Onipotente, Onipresente e Onisciente,
Deus terrível de Israel, que submete todos os seus inimigos.
Mas tu nos revelas um Deus paciente e poderosamente fraco,
que afirma as autonomias e celebra alianças de liberdade,
que interpela os poderosos com frágeis profetas e mártires,
que nos dá como via a vida de teu Filho e a chama da Ruah,
um Deus estradeiro conosco, que fica do lado dos pobres,
e aposta no caminho da misericórdia e no poder do amor.
Não é nada fácil reconhecer a força e a luz que irradia da cruz,
que a cruz foi resultado de tua fidelidade a Deus até o fim,
que tu não morreste fracassado nem abandonado por Deus,
que encaraste a morte de frente com a fé no teu Abba querido,
e que a cruz que hoje deve ser assumida e carregada por nós
é a difícil fidelidade nos íngremes caminhos da fratersororidade:
caminho de renúncia de todo egoísmo e partilha com os pobres;
de renúncia de todo poder dominação e libertação dos cativos;
de defesa incondicional da justiça e inclusão dos marginalizados.
Como Pedro, afirmo que tu és o Cristo de Deus
a luz da salvação enviada pelo Abba ao mundo,
um Caminho a ser seguido,
uma verdade a ser anunciada,
e uma Vida, na qual nos enraizamos
para ser compartilhada como sal e luz.
Como tu quero ser fiel até o fim,
fiel ao teu e ao nosso Abba querido
e ao seu Reino de justiça e de fratersororidade.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 12 de setembro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Marcos 8, 27-35).
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