oh Profeta da periferia, de Nazaré da Galileia,
buscar as pistas do melhor caminho a seguir,
neste contexto de vidas tão entrelaçadas,
de violência e de antigas e novas injustiças;
reconhecer que um de nós é um profeta,
abrir-nos ao seu anúncio ou denúncia,
e decifrar o que Deus está a nos dizer;
ter a coragem de acolher a Palavra divina,
que nos chega sempre na palavra humana,
e ter clareza de qual resposta é mais fiel.
Não é fácil não se importar com a origem
ou com o perfil sociocultural do profeta,
ater-se ao conteúdo trazido em sua profecia,
e reconhecer que não há profecia autêntica:
sem uma boa memória da Revelação divina,
sem postura de defesa do direito e da justiça
sem colocar-se em postura de escuta atenta,
sem cultivar cotidiana visão crítica da realidade
e sem manter-se aberto aos horizontes novos.
Não nos deixes ser insensíveis às profecias,
oh Mestre do Caminho da Vida Nova,
às profecias para este tempo tão complexo,
e que, ao reconhecer um profeta e profetisa,
presente, provocante e atuante em nosso meio,
sejamos capazes de ouvir e discernir caminhos,
e de ser fieis à Palavra divina que nos foi enviada.
Belo Horizonte, 21 de março de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 4, 24-30).
Foto: Herbert do Souza, o Betinho (1935-1997), que nos provocou e nos convocou profeticamente, enquanto sociedade civil, a não aceitar como normal a realidade da fome e da miséria. Este ano faz 25 anos que Betinho nos deixou, mas seu legado profético continua vivo e atuante entre nós.
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