Os saduceus, homens de muitos bens,
oh Mestre dos caminhos que revelam a Deus,
aproximaram de Ti sem atenção e postura de escuta,
eles estavam fechados a crer na beleza da ressurreição,
não acolheram as provocações do Evangelho do Reino,
não discerniram a proximidade amorosa do Abba contigo,
não reconheceram a autenticidade de teu profetismo,
não se converteram a Deus e ao projeto salvífico libertador.
Os doutores da lei, homens de muito estudo,
oh Profeta da simplicidade do amor de Deus,
aproximaram de Ti muito atentos às tuas falas,
eles reconheceram a profundidade de tua sabedoria,
mas por não cultivarem postura de abertura aprendiz,
sua autocrítica era anulada pela arrogância intelectual,
e por causa da sede de continuar a exercer o poder no Templo
não Te reconheceram profeta, pois, tu vinhas da periferia.
Muitos hoje continuam a se aproximar de Ti,
como outrora os saduceus e os doutores da lei,
assumem no censo religioso que eles são cristãos…
são católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos,
e há até os que dizem cristãos mas não praticantes,
em comum todos dizem que creem no “Senhor Jesus”,
mas geralmente eles não cultivam a tua fé libertadora,
não se esmeram na tua fidelidade ao Reino até a cruz,
parecem ter aderido a uma fé cristã sem exigências éticas,
pois não desejam servir à mesa da justiça e da irmandade.
O teu Evangelho do Reino deixa claro para nós,
que não nos basta um aproximar qualquer de Ti,
sem a disposição juvenil de trilhar o teu caminho,
sem o cultivo da escuta discipular atenta e dialogal,
sem o discernimento coletivo dos sinais do tempo,
sem a coragem dos profetas no fazer a vontade de Deus,
sem o sincero desejo de assumir a vida nova enraizados em Ti,
sem a partilhar fratersororal da vida em pequenas comunidades de fé,
sem a entrega diária ao processo de conversão a Deus e aos irmãos,
sem o caminhar, de mãos dadas, com os pobres, oprimidos e sofredores.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 19 de novembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 20, 27-40).
Foto: Registro do rosto de Pedro Casaldáliga, que nos deixou o testemunho de discípulo jesuânico e de profeta fiel do Reino da justiça e da irmandade desde os indígenas, os pobres, os excluídos da cidadania e os sofredores.
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