Não é nada fácil, eu confesso

Não é nada fácil entender
oh Abba querido,
o mistério de tua onipotência:
teu agir diante das forças do mal,
em minha perspectiva, eu confesso,
se apresenta silencioso, omisso e fraco.

Não é nada fácil acolher
oh Abba querido,
a morte violenta dos inocentes,
é um mistério que me ultrapassa.
Como podes permitir que o mal vença
e deixar, tantas vezes, fracassar a tua graça?

Não é nada fácil aceitar
oh Abba querido, eu confesso
que certas coisas aconteçam,
e continuem a acontecer entre nós:
o sofrimento e a morte dos inocentes,
a violência impune dos poderosos,
o sucesso dos corruptos e opressores,
a fome e a miséria dos pobres e vulneráveis…
Dentro de mim dá vontade de te gritar:
Onde está a tua justiça e a força do teu Reino?

Eu contemplo a vida de teu Filho Jesus
com a sua fé profética e entrega fiel ao Reino,
e vejo o seu fracasso naquela cruz implacável…
Mas eu só encontro paz e consolo, confesso,
quando, diante da luz da sua Ressurreição,
eu experimento que a vida é mais que isso,
quando eu encontro com o Deus estradeiro,
que sofre junto com seus filhos e filhas,
e que sabe que o único caminho de Salvação,
que é mais forte que as forças do mal e da morte:
é escolher a via da beleza, mesmo que fraca,
de amar e servir “para que todos tenham vida”!

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 28 de dezembro de 2021.
Festa dos Santos Inocentes Mártires.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 20, 13-18).

1 Comentário

  1. “A lição sabemos de cor, só nos resta aprender “. Assim possamos seguir aprendendo a aprender e transformando.

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