
Como fizeram teus discípulos,
após a tua cruenta execução,
é muito bom e necessário,
termos uma rede de amizade,
partilha da vida em comunidade,
cuidarmos da mesa da irmandade,
pois nos momentos mais difíceis,
nas experiências de perda e dor
de tristeza intensa e profunda,
não é nada fácil suportarmos,
o peso que brota do sofrimento.
Tantas vezes, Senhor Jesus,
nós nos sentimos cansados,
e dominados pelo desânimo,
como pescadores prostrados,
com seus barcos já parados,
e com as velas já recolhidas,
depois de árduos trabalhos,
ao longo duma noite escura,
e sem ter conseguido pescar.
É quando cresce dentro de nós,
aquele quase desespero,
tornado vontade de claudicar,
e, resoluto, de tudo desistir.
Mas, de repente, a aurora,
somos, de novo, envolvidos,
pelo mistério da luz divina,
e intuímos, lá bem fundo,
que não estamos sozinhos,
pois, no peito, há certeza,
sustentada pelo fio tênue
da fé teimosa das mulheres,
e pelo gosto da memória viva,
de tua presença viva conosco.
Assim como Simão Pedro,
que, nú, no barco à deriva,
tendo já perdido o ânimo,
o entusiasmo pela missão,
e a alegria do Evangelho,
tentou se esconder e fugir
mergulhando no mar,
nesta hora de provação,
que exige de nós firmeza,
a nossa nudez amedronta,
e a nossa pouca firmeza
nos faz sentir vergonha,
pois, agora percebemos
que estamos diante de ti,
ó Profeta fiel até o fim,
vitorioso sobre a morte,
bem vivo e ressuscitado.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 24 de abril de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Jo 21, 1-14)
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