Como puderam, Senhor Jesus
me diga, por favor,
te trair com um beijo,
te negar três vezes,
te acusar de fazer o mal
te culpar de profanar o Templo,
te condenar à morte,
te torturar com escárnio,
te executar numa cruz,
oh Profeta da Boa Nova para os pobres,
do Reino da justiça e da fratersororidade,
do amor de Deus sempre em ato,
se tua luz mostrava o Caminho,
se teu olhar encorajava os pobres,
se tua presença esperançava pra luta,
se tua palavra alimentava a alma,
se teu toque curava lá por dentro,
se tua ação libertadora era profética,
se todo teu ser revelava um Deus Emanuel?
Como podem continuar,
depois de tudo,
que a tua vida profética nos revelou,
me diga, por favor, Senhor Jesus,
como podem continuar…
a te trair, a te negar,
a te acusar, a te culpar,
a te condenar, a te torturar,
e a te matar na cruz…
dos teus irmãos e irmãs
indígenas e quilombolas,
refugiados e migrantes,
ciganos e homoafetivos,
em situação de rua
ou sem teto, terra, trabalho?
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 11 de fevereiro de 2022.
Poema oração provocado pela leitura da paixão segundo o Evangelho de Lucas (Lucas 22,1-23,56).
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