Critérios do Reino de Deus

A centralidade dos pobres,
na ótica do Reino de Deus, 
inverte a lógica dominante,
e nos instiga, e nos desafia,
a construir outra sociedade,
centrada na igual dignidade,
na grande mesa da irmandade,
e, assim, sem oprimidos e excluídos. 
 
Pensar sobre as nossas fomes,
a nossa fome é fome de quê?
de acumulação ou de partilha?
de exclusão ou de inclusão?
de vingança ou de justiça?
de condenação ou de compaixão?
é um discernimento decisivo,
na esperança do Reino de Deus.
 
Pensar sobre as nossas lágrimas,
sobre o que, de fato, lamentamos,
por haver miséria e fome entre nós
ou por não estarmos entre os ricos?
por haver uma necropolítica entre nós,
ou por não estarmos entre os poderosos?
é um discernimento igualmente decisivo,
para o dinamismo libertador do Reino.
 
A fidelidade ao Evangelho do Pai,
e até o fim, mesmo diante da cruz,
cruz do ódio e da grande perseguição,
cruz da reação virulenta dos poderosos,
em suas buscas insanas e diabólicas,
para tentar frear ou impedir a justiça, 
e para desfazer a mesa da irmandade,
é um critério decisivo do Reino de Deus.
 
Teus ensinamentos nos desconcertam!
Dá-nos, então, ó Ressuscitado do Pai,
a graça do teu discernimento e lucidez,
ante o dinamismo libertador do Reino,
que está presente e atuante entre nós.
Dá-nos também a firmeza de tua fé,
esse vigor de tua coragem profética,
e a força de tua esperança teimosa, 
para cultivarmos tua fidelidade ao Pai.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 11 de setembro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lc 6, 20-26).

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