Como nos custa entender,
no necessário processo
de institucionalizar o carisma,
para que não venha se perder,
quando a religião se deturpa,
e já não defende o valor da vida;
porque a vida deixa o centro,
e de ser a razão maior de tudo;
porque fé e política se divorciam,
já não andam de mãos dadas,
e deixam de ser libertadoras.
Como nos custa entender,
quando, como e o porquê,
muitas lideranças religiosas,
deixam de ser proféticas,
na denúncia das injustiças,
na defesa da vida dos pobres,
ou ser prismas que irradiam
a luz da misericórida divina,
e se revelam desumanas,
pessoas sem sensibilidade,
que se mostram indiferentes,
e até frias, cruéis e injustas,
no julgar e condenar os irmãos.
Como nos custa entender,
ó Profeta do amor de Deus,
Igreja que se assume cristã,
e se organiza em teu nome,
omitir o dinamismo libertador,
do Reino que testemunhaste
presente e atuante entre nós;
não defender com fidelidade,
os valores e princípios centrais
do Evangelho da justiça divina,
Boa Nova divina para os pobres,
excluídos, doentes e sofredores;
e em vez de acolher e ouvir o grito,
passar a julgar, excluir, condenar,
seus movimentos e organizações,
as lutas por terra, teto, trabalho,
sem dar as mãos e delas participar.
Dá-nos os dons de tua fé no Abba,
de tua firmeza e fidelidade ao Reino,
e participarmos da construção coletiva
da nova sociedade possível e necessária,
fundada na justiça, na defesa da vida,
e no amar misericordioso do Pai celestial.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 19 de julho de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 12, 14-21).
P.s. Poema oração brotado no calor das vivências do 9º Encontro Mineiro das CEBs.
“Como nos custa entender”, hermano! Caminhemos, ainda assim – e justamente por isso! Fraterno abraço!
Obrigado, querido Washington, estamos juntos no dinamismo do reinado do Abba querido.