Quando, ao nosso redor, o vento sopra forte,
o mar de nossa vida se torna revolto e agitado,
o nosso frágil barco é sacolejado pelas ondas,
a nossa vulnerabilidade se torna à flor da pele
e o medo, dentro de nós, se agiganta e domina,
oh Profeta da proximidade do Abba querido,
é bom ouvirmos de tua boca o que traz calmaria:
“Sou eu. Não tenhais medo. Não estais sozinhos.
Estou com vocês nesta travessia até à margem!”
Que nas noites escuras e de intensa tormenta,
quando reconhecemos nossa total impotência
diante do mar revolto da desigualdade social,
do novo massacre contra os povos originários,
da fome volta a sacolejar o barco dos pobres,
das ondas do desemprego, das perdas salarial,
e da profunda indiferença social dos poderosos,
que a tua Igreja seja profética no testemunho,
que anuncie a força que vem da fé peregrina,
que mobiliza para juntos enfrentarmos a crise.
Que teus discípulos e discípulas sejam prismas,
que irradiem a luz de tua presença que liberta,
junto de todos os vulneráveis e amedrontados
e que repitam, como outrora, as tuas palavras:
“Não tenhais medo, porque não estais sozinhos.
A Igreja de Cristo está de mãos dadas com você,
e estaremos juntos nesta travessia até à margem!”
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 30 de abril de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (João 6, 16-21).
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