Com tristeza reconhecemos

Com tristeza reconhecemos,
a nossa surdez a este clamor,
verdadeiro pecado hediondo,
que a dignidade das crianças, 
em muitas realidades sociais,
não é um princípio universal,
nem um direito fundamental.
Entre nós crianças inocentes,
vivem em situação de fome,
são agredidas pela violência,
são exploradas pelo capital,
são violentadas sexualmente,
no seio da família, da escola,
e até no interior das igrejas,
nem seus direitos de brincar,
ou de em boa escola estudar,
lhes são garantidos por nós.
 
Quando os teus discípulos hoje,
como também os de outrora,
as afastavam como um estorvo,
aborrecido e indignado, tu afirmas:
deixem que elas venham até mim,
e em nome de Deus, eu lhes peço,
não as impeçam ou as proíbam, 
porque é delas o Reino de Deus.
Quem não se tornar como elas,
não poderá ficar diante de Deus,
e quem abusar de uma criança,
não entrará no Reino dos Céus.
Tu as abraçavas e as abençoavas!
 
Dá-nos a graça dos dons divinos, 
o da ternura de tua e nossa mãe Maria
para acolhermos e bem cuidarmos
da dignidade dos pequeninos de Deus,
como tu, por ela, foste cuidado,
e o de tua indignação profética,
para que como teus discípulos e profetas,
denunciemos e, com iracúndia, combatamos,
até eliminarmos os abusos feitos às crianças.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 25 de maio de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 10, 13-16).

2 Comentários

  1. Belíssimo poema. Profunda reflexão. Gosto muito de seus poemas.

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