Não é fácil acolhermos o Evangelho que anuncias,
oh Profeta da presença amorosa atuante do Abba,
e experimentarmos a luz do amor de Deus em nós,
a força libertadora de sua presença sempre conosco,
e assumirmos juntos o desafio da lucidez e da vida nova:
vivermos livres e confiantes por não estarmos sozinhos,
captarmos o sentido desta vida na mesa da irmandade,
e juntos assumirmos o dinamismo de amar, cuidar, servir.
Não basta sermos teus discípulos e tuas discípulas,
oh Mestre e Profeta dos caminhos que nos libertam,
é preciso que trilhemos o caminho que tu nos abriste,
e prestarmos atenção e tomarmos muito cuidado,
com as ciladas do “fermento dos fariseus e de Herodes”:
o poder sociopolítico, econômico ou religioso fascina,
e pode nos dominar, corromper, cegar e ensoberbecer,
os privilégios de classe ou de casta tem sedutoras ilusões,
e podem nos ensurdecer ante o grito da Terra e dos pobres.
Que adianta sermos cristãos com os corações endurecidos?
Que adianta termos olhos e não vermos, ouvidos e não ouvirmos?
Dá-nos, Jesus, a tua coragem profética de nos libertarmos,
de levarmos a sério, hoje, na Igreja e na sociedade que vivemos,
os inúmeros alertas que deste aos teus discípulos e discípulas,
de estarmos atentos às interpelações do Evangelho do Reino,
de não deixarmos cair a profecia da grande mesa da irmandade,
de enxergamos e combatermos as nossas contradições éticas,
de nos convertermos em prismas a irradiar lucidez e vida nova.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 13 de fevereiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 8, 14-21).
Seja o primeiro a comentar