Quem de ti se aproximava,
de alguma forma era afetado,
não conseguia ficar indiferente,
ante teus desconcertantes sinais,
pois, com teus gestos e palavras,
a tua vida, a todos, interpelava.
De onde vinha tanta sabedoria,
para realizar tamanhos sinais?
Não é o filho de José e de Maria,
lá da pequenina vila de Nazaré?
Poderia Deus atuar entre nós,
por meio de um reles galileu?
Muitos, admirados, se alegravam,
mediante a beleza da luz divina,
irradiada de tuas palavras e ações.
Ante a crescente acolhida do povo,
a reação das autoridades religiosas,
preocupadas, foi de como silenciá-lo.
Depois de graves ameaças recebidas,
e da percepção da violência iminente,
tu já não andavas mais em público,
e evitavas perambular pelo Templo,
à noite, dormias em lugares ermos,
eram estratégias de sobrevivência.
Dá-nos, Jesus, Mestre do Caminho,
o dom precioso da fidelidade ao Reino,
de tua sabedoria e coragem profética,
para vencer o medo e confiar no Abba,
para discernir entre todas as opções,
a que devemos, com firmeza, assumir.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 22 de março de 2024.
Poema provocado pelo Evangelho (Jo 11, 45-56).
Imagem: Santo Oscar Romero da América Latina, que, diante do sofrimento dos empobrecidos e perseguidos, discerniu ficar ao lado das vítimas do sistema opressor da ditadura de El Salvador e, como Jesus, foi silenciado a bala, assassinado em 1980, e ressuscitou na luta de seu povo salvadorenho por vida e dignidade.
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