Com que facilidade,
nós, homens e mulheres,
enraizados na religião,
e também na tua Igreja,
ó Jesus, profeta da liberdade,
da grande mesa da irmandade,
nos tornamos incapazes,
de perceber nosso pecado,
quando caímos em tentação,
seja a do prazer, poder ou ter,
e nos afastamos da missão,
e do Evangelho que nos deste.
Uns pelo viés clericalista,
passam a se considerarem,
senhores e donos deste espaço,
do dinamismo próprio da fé,
e pensam poder controlar,
quem recebe ou não a graça,
se julgam fiscais do Sagrado,
surdos às críticas que recebem,
avessos à postura autocrítica,
à hipocrisia que os domina,
e àquela necessária conversão,
tão proclamada por São João.
Outros pelo viés sociopolítico,
não percebem quando param,
de cultivar a humildade aprendiz,
de discernir os sinais do tempo,
de buscar amar, cuidar e servir,
de escutar a Voz do Vento,
e se colocam bem no alto,
acima de seus irmãos e irmãs,
e se julgam com poder de dominar,
e decidir, acredite, em teu nome,
aquele que pode ou não se salvar,
ignorando a rica misericórdia divina,
e projeto salvífico do Reino que revelaste.
A tua profecia do Reino que chegou,
aprofunda muito aquela de São João,
e acolhê-la nos leva além da conversão:
transformar todo poder por outra lógica,
em vez daquela utilizada pelos governantes,
de dominar, oprimir e subjulgar os outros,
a de amar, cuidar e servir à mesa da irmandade,
compromisso de Vida Nova, selado no coração,
firmado publicamente no Batismo que nos irmana,
e no Evangelho que juramos anunciar e testemunhar,
Boa Nova que nos revela filhos e filhas, amados de Deus.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 01 de junho de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 11, 27-33).
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