Edward Guimarães
Belo Horizonte, 18 de setembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 16, 1-13).
Diante das graves consequências,
dessa lógica tão desumana e cruel,
impulsionada pelo deus mercado,
geradora de senhores e escravos
e dessa abjeta indiferença social,
aqui eu publicamente te confesso:
sinto-me entristecido e impotente!
Ante a nefasta dinâmica do capital sem alma,
especulativa, financista e sedenta de lucros,
a provocar ilhas com poucos acumulados,
cercadas pelo mar de pobres e miseráveis,
lanço e faço chegar a ti um imenso clamor:
– Como combater este demônio cruel e voraz,
que, insaciável, se alimenta do sangue dos oprimidos,
e, insensível, destrói o equilíbrio de nossa Casa comum?
Contemplo, então, extasiado e sedento,
oh grande Mestre da justiça do Reino,
a beleza de tua encantadora liberdade indígena,
a força de tua profética resistência quilomba,
diante do brilho das sedutoras miragens egoístas,
diante das tentações do poder, do ter e do prazer.
Tu me ensinas a trilhar o íngrime caminho
de tua fidelidade ao dinamismo do Reino presente,
que relativiza a quase tudo que existe nesta vida,
menos a Deus, o Abba querido, e a fome dos pobres,
pois Tu reconheces que o que, de fato, importa
é amar e servir à causa primária do Evangelho
e sentar-se à mesa da justiça e da irmandade.
Tu me ensinas a trilhar o caminho de tua liberdade
que me torna capaz de dizer não às astucias do inimigo,
que conhece bem o interior e a força de nossos desejos
por isso nos seduz com a ilusão do acúmulo de dinheiro,
e domina os nossos corações para nos fazer seus escravos.
Importa, então, que acolhamos o amor do Abba querido,
amor que liberta o nosso coração, nos faz seus filhos e filhas
e nos irmana para as lutas cotidianas dos pobres e oprimidos:
trabalhadores sem terra, índios, negros, mulheres, LGBTQIA+…
homens e mulheres sedentos de reconhecimento e libertação.
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