A tua consciência histórica e lucidez,
oh Profeta fiel ao reinado da justiça,
lhe fizeram prever a violência sofrida,
antes dela ser cruelmente executada,
pois conhecias o sofrimento do povo,
e a prática diabólica dos poderosos,
para conservar a situação desigual,
ou ampliar os seus privilégios sociais.
Sim, tu conhecias bem de perto,
o fim trágico dos profetas da história,
dos que ousavam, em nome de Deus,
anunciar a centralidade do valor da vida,
defender a dignidade dos pobres e excluídos,
denunciar a violência dos opressores,
desnudar os privilégios dos abastados,
e combater a hipocrisia e corrupção religiosa.
Mas ao prever a tua morte iminente,
tu não arredaste o pé nem um pouco,
não abriste mão da fidelidade ao Reino,
tu conhecias de perto o Deus da aliança,
o Goel libertador dos pobres e oprimidos.
Mostraste aos teus discípulos e discípulas,
a questão mais decisiva de nossa convivência:
a forma de conceber e de exercer o poder,
o poder para dominar e oprimir os outros,
ou o poder sobre si mesmo para se libertar,
e assumir a prática do amar, cuidar e servir.
Ofereceste-nos o teu testemunho coerente:
o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para, livremente, se colocar como servidor.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 28 de fevereiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 2O,17-28).
Imagem: Foto do padre lazarista ou vicentino argentino Pedro Opeka, da Congregação da Missão, que diante da grave situação que encontrou de miséria, fome e degradação humana nas favelas de Madagascar, fundou a associação humanitária “Akamasoa” (“Cidade da Amizade”), “um farol vivo de esperança e fé na luta contra a pobreza”, “um testemunho de fé viva traduzida em ações concretas capazes de mover montanhas”.
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