A sede e a água viva que nos sacia

Há um fio tênue e contínuo em nossa vida,
somos movidos por sede que parece insaciável,
oh Mestre dos caminhos que, de fato, nos libertam,
será um defeito que temos esta procura infinda,
ou uma espécie de chaga para a qual não há cura?
Haverá uma fonte que jorra a água que pode nos saciar?

Os habitantes de Cafarnaum a encontraram,
sim, eles encontraram em ti, Mestre de Nazaré,
uma fonte inesgotável que a jorrar uma água viva:
uma água que pode perdoar os nossos pecados,
curar as nossas feridas e paralisias mais graves,
e nos devolver a capacidade de amar, cuidar, servir.

Alguns mestres da lei tiveram outra experiência,
estavam imersos na ilusão de já estarem saciados,
pelo poder de dominar e de controlar, pela religião,
a luz celestial que irradia da grande mesa da irmandade,
a força contagiante e transformadora que brota do interior,
de um irmão ou irmã libertada a cultivar o amar, cuidar, servir.

Que ao contemplarmos sedentos, nos dias de hoje,
a práxis libertadora de teus discípulos e discípulas fiéis,
como a do profeta da dignidade dos pobres Julio Lancellotti,
assim como outrora se ouviu do meio do povo de Cafarnaum,
novamente possamos ouvir: “Nós nunca vimos uma coisa assim”.
Dai-nos sempre desta água viva que nos liberta, oh Senhor Jesus!

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 12 de Janeiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 2, 1-12).
Imagem: Tirada do documentário “Fé e rebeldia” sobre o pe. Júlio Lancelotti. Para assistir: https://www.youtube.com/watch?v=g223W92c5MU.

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