A pergunta dos fariseus e a presença do Reino entre nós

A pergunta dos fariseus sobre a chegada do Reino,
deixa claro os limites de certas mentalidades religiosas,
que não percebem a presença amorosa de Deus no meio de nós,
que não promovem o discernimento diário dos sinais do tempo,
e que não captam o agir divino no interior de nossas liberdades,
na nossa responsabilidade de cuidar da dinâmica coletiva da história.

Sim, a pergunta dos fariseus sobre o Reino de Deus,
revela uma falta de compreensão crítica de nossa história,
que presume o cultivo do ver-julgar-agir político libertador,
que implica a conversão ao Evangelho justiça e da irmandade,
e que, no assumir como nossa as lutas dos pobres e oprimidos,
de mãos dadas saiamos em defesa da vida e da nossa casa comum.

Sim, a postura dos fariseus ainda hoje nos interpela,
sobre os riscos de um mirar a realidade de forma abstrata,
pois, dessa forma, deturpamos a nossa busca infinda da verdade,
nós corrompemos até nossa vivência da fé e da vida em comunidade,
e enfraquecemos a força dos apelos proféticos que irradiam de tua vida,
permitindo enraizar e crescer o lastro diabólico de uma religião hipócrita.

Que em tua Igreja viva hoje, oh Ressuscitado do Abba querido,
a força do anúncio-testemunho da vida nova dos enraizados em ti,
e a luz e a força criativa da Ruah divina sempre atuante no meio de nós,
nos dê a graça da lucidez histórica e da resistência indígena e quilombola,
para que, como teus discípulos, sejamos mais fortes que o fermento dos fariseus,
e, como nos pediste pela boca de dom Helder, não deixemos cair a profecia.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 10 de novembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 17, 20-25).

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta