Nas tuas andanças pela região da Galileia,
junto com os teus discípulos e discípulas,
a anunciar a proximidade atuante do Reino,
e a testemunhar a presença amorosa do Abba,
a tua sensibilidade terna com os sofredores,
e a tua compaixão solícita com os necessitados,
os pobres, os doentes, os excluídos, os oprimidos
revelam a marca original de tua ação libertadora.
Tu não suportavas as posturas de indiferença social,
de passividade diante das situações desumanas:
encontrar-se com famintos e deixá-los com fome,
aproximar-se de doentes ou caídos e passar adiante,
confrontar-se com injustiças ou opressões e calar-se,
acercar-se de excluídos e necessitados e omitir-se…
Não, isso equivaleria a banalizar a sacralidade da vida,
e negar a interpelação ética e profética do Reino presente.
Encontrar pessoas cegas, surdas, mudas e paralíticas,
indiferentes ante as realidades que se mostram urgentes,
que reclamam a nossa atenção e ação transformadora,
e não fazermos nada, equivaleria a aceitar e acolher,
os entraves que impedem o Reino de Deus crescer,
Reino de justiça, de misericórdia e de fratersororidade.
Como curaste aquele cego de quem se aproximou em Betsaida,
e que passou a enxergar a realidade com grande nitidez,
cure também, Senhor Jesus, a cegueira, a surdez, a mudez,
as paralisias e a indiferença social no seio de tua Igreja,
com a luz e a força da Divina Ruah atuante no meio de nós,
que teus discípulos e discípulas conquistem a tua lucidez.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 16 de fevereiro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Marcos 8, 22-26).
Foto: Registro de dom Oscar Romero junto com o seu povo.
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