Tu deixas claro a teus discípulos,
oh Mestre do caminho,
que acolher a Boa Nova do Reino,
não significa abolir a Lei e os Profetas,
nem desprezar as lições do passado,
ou abandonar tradições de sabedoria,
mas viver, tendo como critério maior,
a busca de realizar a vontade divina.
Teus discípulos aprendem contigo
a discernir, com inquieta solicitude,
os caminhos de fidelidade ao Reino,
desde baixo, dos pobres e sofredores,
ao contemplar a tua práxis libertadora,
teus ensinamentos e as posturas proféticas,
ao conhecer de perto os desafios da opressão
e as urgências de teus irmãos empobrecidos
inseridos na realidade onde anunciarão o Evangelho.
Sim, oh Mestre do caminho da fidelidade,
a Lei divina nos oferece balizas e critérios
para o discernimento dos caminhos a seguir,
e os profetas e profetisas, de ontem e de hoje,
ao denunciarem, com coragem, as injustiças,
ao anunciarem o tempo de graça e de libertação,
são mediações históricas do Reino de Deus presente,
e nos dão da certeza da luz e da força da Ruah divina.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 23 de março de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 5, 17-19)
Foto: Registro do teólogo jesuíta Ignácio Elacuria, assassinado em 1989, junto com outros companheiros e companheiras na Universidade da UCA em El Salvador, por denunciar as injustiças e criar um método filosófico teológico libertador para o seguimento de Jesus em contexto de profunda e perversa desigualdade social e de violência dos poderosos com os pobres e excluídos.
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