Na vida da gente,
ó Mestre do Caminho,
nós experimentamos
ora gostosas alegrias,
ora desagradáveis tristezas,
sentimentos tão fugazes,
que até nos perguntamos:
qual o sentido desta vida?
É muito fácil e tão rápido,
passarmos do gosto bom
e achocolatado da alegria,
ao amargo desagradável
e tão azedo da tristeza.
E é muito difícil e lento,
fazermos a passagem
de uma trágica tristeza,
mesmo com todo empenho,
ao inebriante sabor do mel
da alegria do bem-viver.
Será que não discernimos?
Assim nos indagamos
porque ao contemplarmos
o nosso modo de viver
e de conviver também,
parece que refletimos pouco
em que nós apostamos
o melhor de nós.
Nós demoramos bem mais
no tempo acre das tristezas
que nas fugidias e efêmeras
experiências ricas e marcantes
que nos trazem felicidade,
e a verdadeira alegria de viver.
Mas Tu nos ofereces,
ó Mestre do Caminho,
um outro olhar,
um outro horizonte,
um outra margem,
pois, para Ti,
a verdadeira alegria,
não está no ignorar,
ou no não atravessar
rios caudalosos de tristeza,
mas numa aposta apaixonada,
feita com coragem e fé,
firmeza, amor e esperança,
aposta na força do encontro,
e, desde hoje, aqui e agora,
no encontro contigo, Jesus,
encontro que nos descortina,
horizontes vastos
e um sentido maior
para o viver e conviver:
há mais alegria e felicidade
no amar, cuidar e servir,
do que no odiar, destruir e dominar!
Dá-nos este dom luminoso,
a alegria do encontro de fé contigo,
nas rodas de conversa,
nas cirandas de partilha da vida,
nos ritos, nos cantos, nas danças,
e nas lutas que travamos em defesa da vida,
em que, juntos e de mãos dadas,
com amor, nós te buscamos.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 10 de maio de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Jo 16,20-23).
Foto: Registro do Povo Xukuru que se prepara para a sua próxima assembleia.
Seja o primeiro a comentar