Não é nada fácil, eu confesso,
ser teu discípulo,
acreditar e acolher de fato,
a lógica do reinado do Abba querido,
cujo dinamismo me é estranho:
pois, me tira todo status e privilégio,
algo tão valorizado e buscado
no mundo em que vivo.
E, como se não me bastasse,
tamanho sacrifício, quase impossível,
o teu Reino, Mestre do Caminho,
me aproxima dos de baixo,
do avesso da história dominante,
me irmana com os pequenos,
e me iguala em dignidade:
com os pobres,
com os impuros,
com os marginalizados,
com os excluídos,
e até com os pecadores.
Não é nada fácil, eu confesso,
ser teu discípulo,
seguir-te no Caminho da liberdade
e suportar o peso de aceitar
que, na verdade, somos todos iguais
que somos todos amados pelo Pai
e que a felicidade está na partilha
partilha da fé e da vida com os outros.
E, mais do que isso, Senhor Jesus,
na lógica do Reino do Abba querido
sou chamado a conviver em comunidade,
guiado pela fé na lógica da fraternidade,
sem mirar o poder sobre os outros
sem visar o enricar individualista
sem buscar o prazer
de aparecer,
de possuir,
de acumular,
e de dominar.
Belo Horizonte, 30 de outubro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 14, 1.7-11).
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