Vivo entristecido e impotente,
publicamente confesso,
diante da lógica fria e cruel
do poderoso deus mercado,
geradora de tantos escravos,
e essa abjeta indiferença social;
diante da dinâmica do capital,
especulativa e financista,
criadora de ilhas de acumulados,
em um mar de vítimas miseráveis.
Será um insaciável demônio,
voraz engolidor de vidas?
Contemplo admirado,
oh Mestre do Caminho,
a tua liberdade tão indígena,
e essa tua resistência quilombola,
diante das seduções egoístas
do ter, do poder e do prazer.
Tu me ensinas o caminho
da tua fidelidade ao Reino:
considerar tudo relativo nesta vida,
menos a Deus e a fome do povo;
reconhecer que o que importa
é servir a causa da justiça
e ao Evangelho da fraternidade;
não viver de mãos dadas
com amores inimigos:
o amor a Deus,
que me liberta,
porque conhece meu coração,
e me ama como filho;
e o amor ao dinheiro,
que me domina,
porque conhece meus desejos,
e me quer como escravo.
Belo Horizonte, 06 de novembro de 2021.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 16, 9-15).
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