A cruz pesada das tormentas

Ó Jesus, Mestre do Caminho,
Profeta fiel do Reino presente,
nesta sociedade tão desigual,
com práticas que ameaçam,
o horizonte da teia de vida,
o equilíbrio da Casa comum,
com instituições deturpadas,
na dinâmica da vida política,
e também no seio da religião,
o Evangelho que tu anuncias,
e testemunhas com firmeza,
continua a atrai como outrora,
muitos discípulos e discípulas,
mas também a despertar a ira,
provocar perseguição e morte,
de tuas lideranças proféticas.

Ó Enviado de nosso Abba querido,
a situação se torna insuportável,
a cultura do ódio se mostra cruel,
e sangue sagrado é derramado:
lideranças indígenas e ativistas
são brutalmente assassinadas,
jovens negros das periferias,
com bala oficial, são calados,
tantas mulheres e LGBTQIA+
são violentados e eliminados,
e até crianças puras e inocentes
em tuas igrejas são abusadas,
nossa esperança é posta a prova,
e o medo, hoje, a muitos acovarda.

No entanto, ó Filho amado,
companheiro da caminhada,
tendo bem presente contigo,
a cruz pesada das tormentas,
tu proclamas e com firmeza,
a teus discípulos e discípulas:
homens e mulheres de fé,
levantem-se determinados,
ergam a cabeça para o céu,
contemplem a graça divina,
e acolham o Filho de Deus,
que vem com poder e glória,
pra proclamar a libertação!

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 28 de novembro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lc 21,20-28).