Quanta santa inveja eu sinto, meu Deus,
das alegrias que as sextas-feiras trazem,
das surpresas criativas de todo sábado,
e da preguiça das manhãs de domingo!
Por que eu não poderia trocar de lugar,
pelo menos, assim, de vez em quando,
com as terças, quartas ou quintas-feiras?
Vivo sempre mergulhada na angústia,
a me perguntar a razão e o porquê,
pois se eu nasci segunda-feira,
por que todos exigem e me cobram,
a tarefa de ser a primeira-feira?
Desaparecida desde aquela manhã,
quando o Crucificado foi ressuscitado,
passei a carregar o seu pesado fardo,
abrir com alegria forçada e com ânimo,
cada uma das semanas de trabalho.
Dá uma vontade de chutar o balde,
e, com Lenine, teimosamente, afirmar:
“enquanto o tempo acelera e pede pressa,
eu me recuso, faço hora, vou na valsa”,
pois, não posso esquecer: “a vida é tão rara”!
Quero então fazer uma reivindicação,
ter como direito, por todos reconhecido,
que todos os dias santos e os feriados,
sejam colocados nas segundas-feiras,
pois, preciso recuperar as minhas forças,
e experimentar o prazer de ser o que sou,
quem me apoia, por favor, levante a mão.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 28 de outubro de 2024.
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