Tu nos ensinas a verdade,
ó Jesus, Mestre do Caminho,
e, pelo testemunho de vida,
a não cultivarmos ilusões.
Conquistar a consciência
de nossa dignidade maior,
a de sermos filhos e filhas,
amados do Pai celestial,
não é e nem deveria ser,
uma fonte de privilégios,
de poder sobre os demais.
Trata-se, antes, de chamado:
a sermos coerentes e fiéis,
com o amar, cuidar e servir,
e assumirmos as consequências.
E no dinamismo libertador
do Reino de Deus presente,
da realidade da graça divina,
que atua na vida da gente,
experimentar o Amor divino,
potencializa nossa liberdade,
é experiência que nos fortalece,
mas tal poder não é privilégio,
nem uma fonte de dominação,
sobre o outro, quem quer que seja.
Trata-se, ante, de compromisso:
cultivar o amar, cuidar e servir
na grande mesa da irmandade.
Dá-nos, então, o dom de alcançar,
a tua lucidez do caminho da cruz,
na via íngreme e árdua dos profetas,
conscientes de que toda denúncia,
que mexe, ainda que indiretamente,
com os interesses dos poderosos,
provoca muitas reações violentas:
difamações, perseguições e mortes,
e nem mesmo contigo foi diferente.
A fé no Deus da vida não é redoma,
a tua cruz as nossas ilusões questiona,
bem comos as ingenuidades religiosas,
e é a tua ressurreição que nos encoraja,
a enfrentarmos o medo diante da morte.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 12 de agosto de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mt 17, 22-27).
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