Judas te traiu, e nós hoje te traímos?

Certamente todos já nos perguntamos,
o que, realmente, levou Judas a te trair,
pois, quem aposta a vida em seguir-te, 
não tem, na busca por dinheiro, um fim.
Seria esta uma questão sem importância,
ou, ao contrário, diz respeito a todos nós?
Judas fez um ato terrível e inimaginável,
ou qualquer um de nós pode te trair?
 
Quando contemplamos o Evangelho,
notamos que diante de tua afirmação,
que um entre os discípulos iria te trair
todos ali te devolveram uma pergunta,
“Mestre, será que sou eu que te trairá?”
nós somos interpelados a reconhecer: 
se qualquer um entre nós pode te trair:
urge vigiar e orar pra não cair em tentação.
 
Qual a gravidade da traição de Judas?
Não foi o reconhecer um erro cometido,
o de ter se tornado discípulo de um idólatra, 
que se fez passar pelo Filho de Deus.
Nem o reconhecer verdadeiras as acusações
de sacerdotes, fariseus e doutores da Lei.
Será o entregar o lugar ermo onde dormias,
e, à noite, estrategicamente, te escondias?
 
A gravidade da traição de Judas é bem outra,
é o beijo hipócrita que todos podemos te dar:
publicamente nós podemos com fé proclamar,
que te reconhecemos como Mestre e Senhor,
e, ao mesmo tempo, sem qualquer contradição,
criar vida cristã sem conversão ao Evangelho,
sem o cultivo o amar, cuidar e servir ao próximo,
trair-te com posturas arrogantes, falsas e egoístas,
que contrariam frontalmente o Caminho que nos abriste,
Sim, Judas Iscariotes te traiu, é nós hoje te traísmo?

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de março de 2024.
Poema provocado pelo Evangelho (Mt 26, 14-25).

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