Como ainda hoje acontece

Nunca estavas solitário,
oh Mestre do Caminho,
mesmo quando sozinho,
pois teu Abba tão querido,
era sempre estradeiro contigo.

Chamaste para ficar contigo,
teus discípulos e tuas discípulas,
e participarem do exigente anúncio,
e darem testemunho do Reino presente,
para expulsarem da vida as forças do mal.

Teu Evangelho nos lega alguns nomes,
fala de Simão Pedro e seu irmão André,
fala dos dois irmãos, de Tiago e de João,
fala de Mateus e Tomé, de Tiago e Tadeu,
e de Filipe e Bartolomeu, de Judas e Simão.

Como ainda hoje acontece,
quem narrou o teu Evangelho,
o mal não percebeu entranhado,
a presença de tão forte demônio,
que, do meio deles, não fora tirado.

É o terrível demônio do patriarcalismo,
até hoje faz inúmeras vítimas entre nós,
invisibiliza a força criativa das mulheres,
nega a elas a igual dignidade dada por Deus,
as humilha, domina e explora, violenta e mata.

Quem a missão de evangelizar assume
não pode ao demoníaco machismo negar,
e os nomes e feitos das mulheres invisibilizar,
ontem foi Maria Madalena, Suzana, Marta e Maria,
hoje é Eurides, Lucia, Lusmarina, Márcia, Maria Clara,
Maria Helena, Neuza, Romi, Solange, Rose, Sarah, Tereza…
mulheres presentes e resilientes que fazem do luto uma luta.

Edward Guimarães
Belo Horizonte, 19 de Janeiro de 2024.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mc 3, 13-19).
Foto: Mulheres indígenas, camponesas, ribeirinhas e de outras comunidades tradicionais marcham em defesa da vida

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