A postura de teus conterrâneos de Nazaré,
que demonstraram tão superficial admiração,
seguida de grande desilusão e incredulidade,
muito questiona os nossos posicionamentos,
os critérios de julgamento que nós utilizamos,
para enquadrar pessoas e os acontecimentos.
É tão triste reconhecer que essa realidade,
não mudou entre nós, pois, há tantos cristãos,
oh Filho de Maria e de José, o carpinteiro,
irmão de Judas e Simão, de Tiago e de José,
que, incrédulos, negam o teor da encarnação:
Tu és “em tudo igual a nós, menos no pecado”.
Como te admirar, te ouvir e decidir te seguir,
se nasceste no meio dos pobres e excluídos,
se vieste da Galileia, da periferia do Império?
Se tuas irmãs são mulheres simples entre nós,
de onde vem tamanha sabedoria e teu poder?
Há até ditados que ilustram tais pré-conceitos,
um nos diz: “santo de casa não faz milagres”,
outro, “em casa de ferreiro o espeto é de pau”.
Diante de tão grande incredulidade em Nazaré,
não pudeste fazer muitos milagres pra seu povo,
pois há condições para que os sinais aconteçam:
importa haver na pessoa a força que brota da fé,
e o cultivo da abertura espiritual que reconhece,
na dinâmica dos fatos, a atuação da graça divina,
que Deus conosco se importa e, sem nos violentar,
age em nós, com a sua contínua presença amorosa.
Edward Guimarães
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 13, 53-58 e Marcos 6, 1-6).
Foto: Registro de Pedro Casaldáliga, grande profeta do Araguaia, sendo pura ternura, como Jesus, nomeio das crianças.
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