A tua caminhada com os teus discípulos e discípulas,
oh Mestre do dinamismo libertador do Reino de Deus,
não esconde de nós os grandes desafios da conversão:
não é nada fácil lidar com os dissensos e as oposições,
a via da violência se apresenta como tentação a seguir,
mas tu deixas claro que outra alternativa sempre haverá,
o da esperança teimosa que nos sustenta no testemunhar.
Neste contexto de cultura do ódio em que nós vivemos,
nós te pedimos o dom da coragem e do discernimento,
coragem para dizer não à tentação do uso da violência,
da ditadura com a sua vil tirania e armas de imposição;
discernimento para testemunhar a beleza do Evangelho,
que nos leva a acolher e a reconhecer a liberdade alheia,
como direito fundamental decisivo da dignidade humana.
Que a tua Igreja seja sinal visível do reinado de Deus,
oh Profeta da presença amorosa de Deus no meio de nós,
capaz de irradiar fé e esperança na busca do bem viver,
Igreja de discípulos e discípulas que caminham juntos:
no cultivo da intimidade amorosa com o Abba querido;
e na partilha diária da missão de anunciar e testemunhar,
com a tua criativa fidelidade, o projeto salvífico libertador.
Uma Igreja decididamente em saída para as periferias,
capaz de superar toda forma de preconceito e exclusão,
de cultivar, de fato, a via da espiritualidade de conversão,
com rede de pequenas comunidades de fé e partilha do ser,
nas quais as pessoas convivem pautadas pelo respeito mútuo,
a justiça social e a alegria de amar e cuidar uns dos outros,
no servir político que faz com que todos tenham dignidade,
e um lugar reconhecido para se sentar à mesa da irmandade.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de setembro de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 9, 51-56).
“O dom da coragem e do discernimento” – assim os desafios ficam mais leves.
Gratidão, professor Edward!