Quem teve a preciosa e singular graça,
como Simão Pedro e Maria Madalena,
os discípulos e discípulas da primeira hora,
de partilhar contigo os desafios do caminho,
de contemplar de perto a tua práxis libertadora,
de experimentar o dinamismo do Reino presente,
de ouvir os teus ensinamentos, ver as tuas ações,
eles se relacionaram com o mistério de tua pessoa,
eles conviveram com alguém profundamente humano
e comprometido com o projeto salvífico universal de Deus,
com o desafio da tecitura cotidiana da Vida Nova,
do viver de quem compartilha a mesa da irmandade,
de quem percebe que é central a vida em comunidade,
pois, o que emerge da inusitada experiência de fé,
de sermos todos amados, filhos e filhas, de Deus,
do sentir vivamente a proximidade do Deus Emanuel,
cujo amor por nós, por pura graça, é fonte de eternidade.
A tua identidade mais profunda,
oh Filho amado que a nós foi enviado,
nunca significou para ti qualquer privilégio,
mas interpelação ética à missão de Servo fiel,
compromisso com o projeto do Reino de Deus:
de anunciar a proximidade amorosa de Deus,
como uma Boa Notícia para os mais pobres,
como um chamado à conversão e ao amor ao próximo;
de testemunhar o dinamismo libertador do Reino,
Reino de justiça, misericórdia e irmandade,
como fonte inesgotável de libertação e de dignidade,
para os oprimidos, os invisibilizados e os sofredores.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 08 de agosto de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (Mateus 17, 22-27).
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