É tão triste constatar que entre nós,
oh Profeta fiel ao amor de Deus,
domina uma espécie cristianismo morno,
sem exigências de conversão ao Reino,
sem compromisso diário com a justiça,
sem adesão ao conviver em comunidade,
comunidade de fé e de partilha da vida,
sem o assumir as consequências da cruz,
a cruz de tua fidelidade ao amor do Abba,
amor que, quando acolhido no coração,
se transforma em impulso de vida nova:
sem violência, exclusão ou dominação
com amor, respeito mútuo e partilha.
Importa recuperar o processo de conversão,
e o desafio árduo de se tornar teu discípulo,
oh Mestre do caminho do Reino de Deus,
o teu seguimento implica ruptura e decisão:
decisão de assumir o projeto de Vida Nova,
decisão que transforma o nosso modo de ser,
e o nosso jeito de conviver uns com os outros,
ruptura com todo desejo de dominar o outro,
com todo projeto de exploração ou exclusão.
Não é nada fácil ser teu discípulo ou discípula,
é preciso o cultivo diário da práxis da justiça
e da lógica da irmandade no amar e servir.
Que a tua Igreja se transforme profundamente,
pela acolhida da graça do amor do Abba querido
e pelo testemunho diário da beleza da Vida Nova:
caminhar juntos em rede de pequenas comunidades,
comunidades irmanadas pela fé e pelo Reino da partilha.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 09 de junho de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Mateus 5, 17-19).
Foto: Ir. Genoveva, da Fraternidade Irmãzinhas de Jesus, com crianças Apyãwa da tribo Tapirapé. Quando ela e mais duas freiras chegaram para estabelecer a primeira missão das Irmãzinhas nas Américas, em 1952, a população Apyãwa estava reduzida a cerca de 50 pessoas e corria o risco de desaparecer. Hoje são quase mil, aproximando-se do tamanho que tinham no início do século 20. Por cerca de 60 anos esta religiosa juntamente com outras duas decidiram viver com e como Apyãwa. Como discípulas de Jesus, elas dedicaram suas vidas a salvar a vida e a dignidade dos Tapirapé.
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