Quando insistes, por três vezes,
com a mesma incisiva pergunta:
– Pedro, filho de João, tu me amas?,
teu diálogo com o apóstolo Pedro,
oh Profeta do reinado da justiça,
ilumina o discernir de teus discípulos.
Que significa te amar como mestre?
e o que está implicado neste amar?
Ora, amar não é um verbo qualquer,
não se concretiza de qualquer jeito,
não basta ficar no nível das palavras ,
implica um conhecer profundo e uma decisão.
Para te amar, sim, é preciso te conhecer,
conhecer-te para decidir, de fato, te seguir,
e seguir-te com fidelidade ao teu Evangelho.
A tua morte violenta na cruz glorificou ao Pai,
pois, ela foi morte resultante de tua vida fiel,
de tua fidelidade profética ao Reino de Deus.
Não só a prisão e a morte de Simão Pedro,
como a perseguição e a morte dos profetas,
como o sangue derramado de tantos mártires,
e das vítimas, os pobres, oprimidos e inocentes,
não são mortes banais, sem um sentido profundo:
como a tua morte, elas também glorificam a Deus.
Toda morte é morte e provoca grandes sofrimentos,
suscita também sentimentos de perda e de impotência,
e o nosso Deus é o Deus da vida e da vida em plenitude,
Ele não quer a morte de seus amados filhos e filhas,
Ele quer, ao contrário, que nós aprendamos a arte de amar
e, custe o que custar, Ele quer a nossa fidelidade no amar.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 3 de junho de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (João 21, 15-19).
Foto: Cartaz com a foto de Chico Mendes, sindicalista e seringueiro assassinado em 22 de dezembro de 1988, em sua própria residência em Xapuri, no Acre.
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