Não é nada fácil aceitar ou compreender,
oh Profeta do reinado da justiça divina,
tanta oposição à luta dos pobres por libertação,
tanta violência contra os ativistas dos direitos humanos,
e tantos profetas e profetisas tendo, impunemente, o sangue derramado.
Não é nada fácil aceitar ou compreender,
oh Profeta rejeitado, injustiçado, preso e torturado,
tanta oposição às lutas do povo por justiça e inclusão social,
tanta violência contra os que defendem a igual dignidade cidadã,
e tantos irmãos e irmãs trabalhadores explorados de forma ignóbil e abjeta.
Não é nada fácil aceitar ou compreender,
oh Profeta assassinado na cruz da ameaça dos poderosos,
tanta agressão e destruição insana de nossa generosa casa comum,
tanta violência contra a dignidade de nossos irmãos e irmãs indígenas,
e tantos ecologistas perseguidos e mortos pela ambição dos donos do capital.
Mas quando contemplo a tua cruz à luz da Ressurreição,
percebo que teu profetismo fiel ao Reino do Abba não foi em vão,
quando te encontro ressuscitado conosco na lutas em defesa da vida,
toda minha tristeza e indignação se transformam em alegria e compromisso,
e renovo a fé caminhante no Abba querido e minha decisão batismal de seguir-te.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 27 de maio de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (João 16, 20-23a).
Foto: Registro de Paulo Paulino Guajajara, um dos Guardiões da Floresta TI Arariboia, no Maranhão, assassinado por garimpeiros quando defendia a terra de seu povo, em novembro de 2019.
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