Quando não conseguiram mais ignorar-te,
as ameaças não inibiram a tua ação libertadora,
e as tentativas de silenciar-te fracassaram,
oh Profeta da periferia da Galileia explorada,
o ódio e a perseguição dos poderosos deste mundo,
tornaram-se implacáveis, agressivas e cruentas,
contra o teu profetismo do Reino da justiça divina,
e da fratersororidade desde os pobres e vulneráveis.
Eles não toleraram a tua boa nova para os pobres,
o teu cuidado solícito para com os doentes e sofredores,
e a tua misericórdia para com os pecadores impuros.
Em um mundo tão dividido como este nosso,
entre ricos e pobres, opressores e oprimidos,
com tantos excluídos da mesa da dignidade cidadã,
com tanta violação dos direitos humanos e ambientais,
com tanto patriarcalismo violento contra as mulheres,
com tanta banalização e desprezo da vida indígena e negra,
com tanta violência cruenta contra os grupos LGBTQIA+,
uma Igreja profética, que assuma a defesa das vítimas,
não será tolerada e, como tu, será perseguida e crucificada,
e teus discípulos e discípulas, que assumirem o teu profetismo,
serão ameaçados, perseguidos e, com violência, eliminados.
A tua vida profética, a tua fidelidade ao projeto do Pai,
até as últimas consequências, e a tua morte brutal na cruz
não foram em vão, mas um grande sinal de contradição.
Tu não fracassaste na missão assumida junto do Pai,
mas foste ressuscitado da morte pelo teu Abba querido
e tudo ficou mais claro: o teu caminho é via de salvação.
Que a tua Igreja seja iluminada pela tua presença viva,
pela memória de tua vida, paixão, morte e ressurreição.
Que teus discípulos e discípulas, como tu, não temam,
que assumam o desafio de andar juntos na contramão,
que tenham a tua coragem profética de amar e servir.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 21 de maio de 2022.
Poema provocado pelo Evangelho (João 15, 18-21).
Seja o primeiro a comentar