Carrego no peito fortes sentimentos:
perante a alegria, digo não à apatia
entro na chuva e me deixo encharcar.
Ante a dor, Epicuro(1) não é meu mestre,
Rejeito toda forma de culto à indiferença.
Emoções fortes ressoam em meu ser:
a cada passo, sim, eu verto lágrimas,
experimento, na carne, o sofrimento.
Mas, em amálgama, sem contradição,
sinto júbilo intenso e contentamento.
Vejo tanta gente amargurada
perdidas, sem saber pra onde ir.
Vejo tanta dor, cruento sofrimento:
cabisbaixos, humilhados e em prantos,
muitos, prostrados, ignoram do céu a razão.
Vejo compaixão no viver de muita gente
solidárias, compartilham o próprio ser,
solícitas, se convertem em ombro amigo.
dos céus, são sacramentos de amor em seu agir
presentes, procuram ajudar, promover, soerguer.
Não, não quero viver de qualquer jeito
não quero sentir vergonha dos meus passos.
Quando recordar os trechos já trilhados
as lutas, fracassos e vitórias, conquistadas,
quero o gosto inebriante do vinho da alegria.
Como Francisco, Clara, Inácio, João, Paulo, Tereza e Champagnat;
Gandhi, Dandara, Luther King, Balduino, Luciano e Helder Câmara;
Como Romero, Mandela, Desmond Tutu, Che, Fidel e Dalai Lama;
Pedro, Betto, Betinho, Marcelo, Beozzo, Boff, Libanio e Zilda Arns;
Quero desfraldar bandeiras: amor, justiça, fratersororidade e paz.
Edward Guimarães
Poema nascido durante a preparação do texto para o Curso de Verão – Ano XXVIII, em janeiro de 2015, com o tema: “Juventude e relações afetivas”. GUIMARÃES, Edward. “Relações afetivas, sexualidade (gênero) e família no horizonte da reflexão ética”. In: BEOZZO, José Oscar; FRANCO, Cecília Bernardete. Juventude e relações afetivas. São Paulo: Paulus/ Curso de Verão – CESEEP, 2014, p. 70-71. Poema publicado, posteriormente, na apresentação do livro do poeta Paulo Gabriel:
GUIMARÃES, Edward. “A provocativa poética de Paulo Gabriel”. In: GABRIEL, Paulo. Poemas para iluminar a noite. Belo Horizonte: Mazza edições, 2020, p. 18.
Foto: Registro do Movimento dos trabalhadores e trabalhadoras sem teto, Povo sem medo.
(1) O filósofo Epicuro (354-213 a.C) defendia o cultivo da indiferença como fonte de sabedoria.
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