A cruenta experiência vivida, na véspera da Páscoa,
pôs a prova as razões e os horizontes da esperança,
mas elas não entregaram os pontos, nem desanimaram,
apesar da tristeza, bem cedo, saíram a tua procura.
Mas quando as tuas discípulas chegaram ao túmulo,
viram que a pedra da entrada havia sido removida,
perceberam que teu corpo não estava na sepultura:
quem poderia ter cometido tão grande atrocidade,
roubar o teu corpo já tão violentado naquela cruz,
e impedi-las vivenciar o necessário luto de despedida?
Foi então que fizeram surpreendente vivência de fé,
um encontro com homens de vestes fulgurantes
que transformou, por completo, o alcance de sua visão.
Por que procurar entre os mortos, se Tu estás vivo?
A tua violenta morte na cruz colocou tudo em questão,
a pergunta das crises profundas fez brotar no coração:
vale a pena insistir e continuar por este Caminho seguir?
A resposta brotou forte da memória do vivido contigo,
se Tu passaste pela vida fazendo o bem e fiel até o fim,
o teu Abba também é fiel e não o abandonaria na morte!
Voltaram e partilharam esta vivência com teus discípulos,
mas, para surpresa delas, julgaram que fosse um delírio.
Pedro, no entanto, se levantou e foi lá conferir de perto:
e, apesar de todo espanto, não teve a fé de tuas discípulas.
Como Maria Madalena, Joana e Maria, a mãe de Tiago,
como as outras mulheres de fé corajosa que te seguiam,
que teus discípulos e discípulas tenham esta fé peregrina,
que ajudem diariamente a construir a tua Igreja profética,
que, fiel ao Deus do Reino, não temam carregar a sua cruz,
nem estar junto dos crucificados e crucificadas deste mundo.
Edward Guimarães
Belo Horizonte, 16 de abril de 2022.
Poema oração provocado pelo Evangelho (Lucas 24, 1-12).
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